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Comunidade da Quarta Colônia recebe certificação da Unesco com muita expectativa

Comunidade da Quarta Colônia recebe certificação da Unesco com muita expectativa

A região central do Estado, mais do que nunca, agora é destaque no mapa mundial. Após os geoparques Quarta Colônia e Caçapava serem reconhecidos oficialmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os locais passaram a integrar a Rede Mundial de Geoparques. As localidades foram avaliadas entre outubro e novembro do ano passado, e pontos como riquezas gastronômicas, culturais, produção, comunidade, potencial turístico e demais geossítios foram fundamentais para conquistar o “selo verde”.

As belas paisagens e as peculiaridades das nove cidades da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul – como o berço dos dinossauros, na primeira, e a Pedra do Segredo, na segunda – garantiram o reconhecimento internacional.

Com a oficialização, comunidades, lideranças políticas, entidades, universidades e demais pessoas que ajudaram a construir os geoparques celebraram a conquista. Na quarta-feira (24), a reportagem esteve em três cidades da Quarta Colônia e verificou de perto como os impactos do selo verde já são sentidos pelos cidadãos.

Faxinal do Soturno e as belas paisagens atraem turistas

Ceris e Amilton Denardin, mostram a região do Geoparque Quarta Colônia a família Fotos: Nathália Schneider

Museus, igrejas, pontos de imagens religiosas, como as grutas e capiteis, sítio fossilífero, entre outras atrações, são alguns pontos turísticos no território de Faxinal do Soturno.

Quem vai em busca de belas paisagens para registrar, pode ir até o Mirante Cerro Comprido, que encanta os visitantes. Após a subida, com 400 metros de altitude, há o grande vale da bacia do Rio Soturno. No alto do cerro, uma pequena igreja, a Ermida São Pio de Pietrelcina, também se destaca. O local frequentemente recebe visitas, principalmente nos finais de semana. 

Na última quarta-feira, turistas percorriam o local, enquanto a notícia de que a região era oficializada como geoparque mundial ainda se espalhava pela cidade. Uma delas era Suzana Luffalini, 67 anos, residente de Montevideo:

– É muito diferente o mirante. No caminho até chegar aqui é lindo, toda a vegetação é maravilhosa. As casas são bem diferentes do Uruguai.

Polêsine e o patrimônio arqueológico

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O município é conhecido pelas suas grandes atrações. Serve quem o visita com seu patrimônio arquitetônico, cultural e arqueológico. Tem sua cultura, história e religiosidade ligadas à imigração italiana. E, muitas vezes, é local de descoberta de animais que viviam há milhares de anos no território. Um de seus principais distritos é o de Vale Vêneto.

Na cidade, localiza-se a unidade responsável pelas pesquisas e escavações paleontológicas, conhecido como Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM (Cappa/UFSM). Lá, são estudados o terreno local, extração de fósseis de rochas, identificação da descoberta e tentativa de descoberta da aparência real do organismo fóssil.

Flávio Pretto, um dos quatro paleontólogos do Cappa, que recebe em média 500 a 700 visitantes no mês por agendamento, destacou que a certificação exigirá ainda mais trabalho:

– Passada esta fase, a gente tem que reagrupar, ver os apontamentos que a Unesco nos deu de pontos para mantermos e fortificar o trabalho do CAPPA. Também vamos avaliar os indicativos que precisam melhorar para continuar com a certificação, já que ela se renova de quatro em quatro anos – projeta o paleontólogo.

​Silveira Martins é berço da Quarta Colônia

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O berço da Quarta Colônia chama atenção para seus pontos de visita. Silveira Martins tem atrativos religiosos, naturais e históricos. A base da economia é ligada ao cultivo do feijão, da soja, do milho e da batatinha, mas não só isso –,o local cresce a partir da chegada de visitantes. São novos empreendimentos que chegam à cidade, além do fortalecimento dos já existentes – fundamentais para integrar o Geoparque Quarta Colônia.

Quem vive no município, como aqueles que por lá passam, vivenciam a cultura dos imigrantes italianos e seu legado, por meio da arquitetura, da gastronomia e de atrações. Os restaurantes de Silveira Martins são referência na região. Capelas, igrejas, conjuntos arquitetônicos, museu, cascata e mirantes ajudam a tornar a cidade ainda mais atrativa ao turismo. O conhecido Monumento do Imigrante Italiano (na foto), local visitado recorrentemente no pôr e no nascer do sol, é uma das grandes atrações do município.

Na última semana, a reportagem conversou com moradores e empresários locais. Alguns afirmaram que ainda não sabiam sobre a novidade do geoparque, apesar de terem a certeza de que o selo internacional garantirá ainda mais investimentos, infraestrutura e turismo à região.

Geoparques: uma conquista compartilhada

Segundo dia da missão de avaliação do Geoparque Quarta Colônia pela Unesco em outubro de 2022Foto: Nathália Schneider (Diário)

Para criar os dois geoparques da região, foram necessários a participação e o envolvimento de muitos atores: Poder Público, comunidade, iniciativas públicas e privadas e instituições de Ensino Superior, como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade do Pampa (Unipampa). Juntos, os protagonistas trabalharam ao longo do últimos anos para fomentar a iniciativa. Na Quarta Colônia, desde 2018 algumas iniciativas já ocorriam junto à UFSM para a efetivação do projeto. Em Caçapava do Sul, conforme o prefeito Giovani Amestoy Silva, o trabalho começou em meados de 2016. Nos dois projetos, sempre houve o envolvimento e a participação das universidades, que participam por meio de projetos de extensão.

O pró-reitor de Extensão da UFSM, Flávi Lisboa, explica que a participação da universidade foi essencial para a implementação dos geoparques da região. A instituição entrou com verbas para formação, criou uma unidade para tratar exclusivamente do assunto e, também, ajudou no dossiê encaminhado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

– Mapeamos quais ações tínhamos no território e por onde poderíamos ampliar. Conversamos com os representantes dos municípios, e, também, com as associações. Conseguimos verba para cursos de formação. A UFSM tem um papel estrutural na condução deste processo, tanto que dentro da Pró-Reitoria de Extensão há uma unidade administrativa que cuida exclusivamente dos assuntos dos territórios do geoparque. A ideia é avançar para que isto se torne uma coordenadoria. Já houve pedido dos prefeitos da região junto ao Ministério do Planejamento para termos um novo cargo de direção. Também saliento que os dossiês encaminhados à Unesco foram formulados pelo corpo técnico da UFSM – destaca o pró-reitor.

A doutora em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também uma das responsáveis pelos projetos de geoparques da região, Jaciele Sell, explica que após a cerimônia, que ocorreu na quarta-feira, em Paris, o selo já passa a valer:

– O que esperamos agora apenas é a certificação por carta. E, depois, a cerimônia em Marrocos. Estamos muito contentes com a aprovação.

A certificação, que será entregue em cerimônia em Marrakech, no Marrocos, no dia 10 de setembro, tem validade de quatro anos. Ao encerrar o período, uma nova avaliação será feita para conferir se os projetos foram executados e quais avanços obtiveram.

Trabalho

Foto: Nathália Schneider (Diário)

A vice-diretora do Geoparque Quarta Colônia, Michele Vestena, explica que o trabalho de estruturação do projeto já tem quase uma década. Agora, o avanço depende, cada vez mais, da integração com a comunidade:

– Não é uma questão exclusivamente do Quarta Colônia ou deste território. Não é fácil, porque não é uma proposta simples. É difícil que este conhecimento chegue, e as pessoas entendam. A gente vem trabalhando para que isto mude. Por exemplo, em 2022, fizemos participações nas nove Câmaras de Vereadores do território. A meta é que daqui a 50 anos, 60%, 70% das pessoas do território saibam sobre o que é o geoparque e quais seus benefícios – explica a vice-diretora do Geoparque Quarta Colônia.

Para o futuro, Michele acredita que o caminho é apostar em porta-vozes, como os amigos e parceiros do Geoparque, para que o movimento chegue às comunidades das diferentes cidades.

Entenda

O que é um Geoparque?

  • Os Geoparques são territórios de um ou mais municípios, reconhecidos pela Unesco como regiões que possuem importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica
  • Nesses locais, a “Memória da Terra” é preservada e utilizada de forma sustentável para gerar desenvolvimento para a sua comunidade

Para ser Geoparque, as cidades devem cumprir quais requisitos?

  • Demonstrar que a área tem um patrimônio geológico de nível internacional
  • Demonstrar que o patrimônio já é usado para promover o desenvolvimento econômico sustentável da comunidade local, principalmente por meio do turismo sustentável (incluindo turismo educativo)
  • Demonstrar que todos os aspectos do patrimônio da área (tanto natural como cultural) estão integrados no geoparque – já que um geoparque não se trata apenas de geologia

O que são Geossítios?

  • Os Geossítios são locais bem delimitados geograficamente e que concentram formações geológicas com um grande valor científico, estético, ecológico, turístico, cultural e educativo
  • Rochas, fósseis, ou até mesmo o solo são exemplos
  • Locais ou áreas que melhor representam a geodiversidade de um território

Quantos geossítios tem o Geoparque Quarta Colônia?

  • O Geoparque Quarta Colônia conta com 31 geossítios de valor geopatrimonial regional até internacional dividido em diferentes categorias como valor fossilífero e fluvial
  • Além disso, conta com 23 geossítios ligados a outras formas de valor patrimonial, sendo de valor ecológico, cênico, histórico-cultural e/ou arqueológico

Quantos geossítios tem o Geoparque Caçapava do Sul?

  • No território que pertence a este geoparque há 22 geossítios
  • É formado por um conjunto de locais, como a conhecida Minas do Camaquã, Serra do Segredo e Pedras das Guaritas

A Unesco

  • A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura é uma agência especializada das Nações Unidas (ONU)
  • Tem sede em Paris
  • Fundada em 16 de novembro de 1945 com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, ciências naturais, ciências sociais/humanas e comunicações/informação

Para conhecer mais sobre o Geoparque Quarta Colônia, como acessar aos atrativos e conhecer a história dos geossítios:

Endereço do Escritório Geoparque Quarta Colônia

  • Telefone e WhatsApp – (55) 99176-1816
  • E-mail – [email protected]
  • Endereço – Rua Maximiliano Vizzoto, nº 598
  • Cidade – São João do Polêsine

Para conhecer mais sobre o Geoparque Caçapava, como acessar aos atrativos e conhecer a história dos geossítios:

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